O pescador Flavio Araújo Lopes, de 48 anos, não imaginaria que uma dor abdominal mudaria a sua vida de uma hora para outra. Após buscar atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Itupiranga, ele foi diagnosticado com hepatite C, uma doença silenciosa que afeta milhões de pessoas no mundo. “No começo, parecia uma virose. Quando saiu o resultado dos exames, foi uma surpresa. Eu não esperava e até relutei um pouco a aceitar”, relatou o pescador.

A dona de casa Maria Duciomar Honorato Freitas, de 56 anos, está em tratamento médico no Hospital Regional de Tucuruí (HRT) e destacou que ações como essa de levar maior conhecimento e tirar dúvidas dos pacientes é super importante para que as pessoas afetadas com as hepatites não busquem tratamento tardio. “Eu vejo que não é bom ignorar as dores que sentimos, pois podem ser sinal de um problema mais grave, como foi a minha situação. O ideal é sempre procurar um médico”, sugeriu.

O caso da dona de casa está longe de ser uma exceção. No Brasil, segundo dados de 2024 do Ministério da Saúde, estima-se que 630 mil pessoas tenham hepatite C, mas ainda sem diagnóstico e tratamento. Sim, é isso mesmo: então a melhor chance de cura é o diagnóstico precoce.

Por este motivo, o Complexo Hospitalar Regional de Tucuruí, através da Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), referência no diagnóstico e tratamento das hepatites virais na região do Lago de Tucuruí, abraçam a campanha Julho Amarelo, que busca conscientizar a sociedade sobre estes cinco tipos de vírus que podem atingir o fígado e causar complicações: A, B, C, D e E.

Dentro da programação do Julho Amarelo, foram realizadas palestras, interações lúdicas e rodas de bate papos com pacientes e seus acompanhantes. O foco da campanha, que encerrou com chave de ouro, nesta quinta-feira, 31, foi levar maior conhecimento sobre os cuidados com as hepatites virais.

O setor de Humanização do HRT e Unacon, com o empenho da equipe multiprofissional, realizou atividades na recepção do setor ambulatorial e da Unacon, levando conhecimento e tirando dúvidas dos presentes.

Foram entregues folders explicativos e abordados como tema principal a funcionalidade do fígado, que é responsável por diversas funções vitais, como metabolismo, armazenamento de nutrientes e desintoxicação. “Quando o órgão está comprometido pelas hepatites virais, essas funções essenciais são afetadas, podendo levar a complicações sérias”, explicou Edigleuma Barroso, coordenadora do setor de Humanização do HRT e Unacon.

Sinais de alerta

Os principais sinais das hepatites virais agudas são cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras, em intensidades que variam de leve a grave. Muitas vezes, porém, nenhum sintoma é notado nos pacientes. “As hepatites B e C, particularmente, podem evoluir para formas crônicas e, em grande parte dos casos, são assintomáticas até os estágios avançados da doença. Ou seja, após a instalação de cirrose e suas complicações devastadoras, como o câncer do fígado. Por isso que o tratamento é importante”, afirmou Edigleuma Barroso.

Tratamento no SUS

O diagnóstico e o tratamento das hepatites virais são assegurados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os medicamentos são administrados por via oral, com prescrição especializada. Os diagnósticos são feitos por testes rápidos, sorológicos e a infecção é confirmada por exames de biologia molecular. Fazer testes com frequência é fundamental para identificação precoce e intervenção eficaz. O SUS também garante a vacinação desde a infância contra as hepatites A e B, essenciais na prevenção da cronificação da doença.

Texto Wellington Hugles-ASCOM/HRT-UNACON

Foto: Divulgação

About Author

Gazeta do Pará

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *