Um incêndio florestal atinge a comunidade ribeirinha de Magibras, em Breves, no Marajó, há pelo menos três semanas. Segundo os moradores, não há equipamentos suficientes para combater o fogo.
Andreick Vaz Araújo, 38, relata que não dorme direito há mais de 20 dias, desde o início de um incêndio florestal na Amazônia que atinge a comunidade ribeirinha de Magibras, no município de Breves (PA), no arquipélago do Marajó.
O líder comunitário conta que os moradores se reúnem, diariamente, para colaborar com as ações de combate do governo estadual, na esperança de evitar que o fogo chegue a suas casas. Contudo, ele acredita que, se o enfrentamento não for reforçado, o pior está por vir.
Um vídeo registrado na quinta-feira (22), pelo Corpo de Bombeiros Militar, mostra o incêndio se aproximando da vila e a fumaça invadindo as residências.
“Os dias aqui estão sendo bem difíceis. Estamos no combate direto do fogo, o dia inteiro. À noite, o fogo avança bastante. Os bombeiros ficam só até a tarde. Na segunda [19], estávamos em 20 moradores tentando apagar o fogo”, disse Araújo.
Em meio a insatisfação das ações de combate, os ribeirinhos protocolaram uma queixa no Ministério Público do Pará para cobrar reforço das ações. Segundo eles, não há maquinário para abrir valas (trincheiras), que possam frear o avanço do fogo subterrâneo -o mais difícil de apagar.
A Folha questionou o governo estadual, o Corpo de Bombeiros Militar e a prefeitura de Breves na sexta (23), mas não houve manifestação até a publicação deste texto.
Os moradores contam que na Vila Magibras funcionava uma das maiores serralherias da região, e que agora restos de madeira no solo aumentam a combustão e facilitam o avanço do fogo, inclusive de forma subterrânea.
“A gente precisa de ajuda nesse momento. Tem pessoas passando mal, idosos e crianças A sensação que nós temos é de abandono do poder público. Nós somos cidadãos, pagamos nossos impostos. É muito angustiante. A gente chora, fica triste”, disse o líder comunitário.